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terça-feira, 22 de maio de 2012

NOTÍCIAS: «Psiquiatras criticam plano e alertam para risco de desatre clínico e social»

«Psiquiatras criticam plano e alertam para risco de desatre clínico e social»
Por Agência Lusa, publicado em 21 Maio 2012 - 16:49 | Actualizado há 1 dia 1 hora

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«A Sociedade Portuguesa de Psiquiatria criticou hoje a escassa aplicação do plano nacional de saúde mental e alertou para a urgência de "tirar do papel" e aplicar o modelo de intervenção comunitária, para evitar "um desastre clínico e social".
Em declarações à Lusa, António Palha, presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM), mostrou-se preocupado com a escassa aplicação prática das medidas previstas no Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016, "quando este já vai a mais de metade", e defendeu a necessidade de ser feita uma urgente avaliação da sua execução.
Na sequência de uma reunião, no domingo, os membros da SPPSM "refletiram sobre o plano" e chegaram àquelas conclusões, dando particular ênfase à falta de uma rede de cuidados continuados para os doentes mentais crónicos.
"Com o fecho dos hospitais, são precisas respostas comunitárias, mas as respostas tardam. Neste momento de crise é preciso uma estratégia", disse à Lusa.
Segundo o responsável, estes doentes necessitam de estruturas e locais adequados ao seu tratamento, e estão a ser enviados para casas sociais sem o devido acompanhamento médico, psicológico e de reabilitação.
"Já devíamos ter mais política de saúde mental na comunidade. Está mais no papel do que na prática. As leis são para cumprir. Temos a bandeira de um dos melhores países nos cuidados comunitários, mas a verdade não é essa. É preciso criar condições para o modelo funcionar, senão haverá um desastre social e clínico", afirmou.
Este desastre, a que o presidente da SPPSM alude, está relacionado com a crise económica e social que o país atravessa, criadora de "novas realidades", que necessitam de novas respostas, ou seja, de um novo plano de saúde mental que substitua o atual, já "desadequado".
"Há preocupações novas, é preciso fazer uma redistribuição das áreas e avaliar as prioridades, pois se os meios já eram escassos antes da crise, agora como vai ser?".
António Palha sublinha que, nos períodos de pobreza e miséria, há um aumento de prevalência das doenças mentais e físicas, e lembra que a saúde mental e física estão muito ligadas.
Além disso, apontou a necessidade de não deixar cair no esquecimento os doentes crónicos e de criar para eles um plano de reabilitação psico-social, pois há uma "certa tendência para achar que são casos sociais", o que é um erro, alertou.
António Palha assinalou, a propósito, que há muitas doenças mentais crónicas, entre as quais "psicoses graves".
Outras preocupações que não estão a ser acauteladas dizem respeito às dificuldades sentidas no interior do país -- como é o caso de Bragança, Castelo Branco ou Portalegre-, no que respeita a uma "assistência de qualidade".
A SPPSM considera também fundamental conhecer os dados epidemiológicos existentes e a prevalência de doenças mentais.
Para estes psiquiatras, a elaboração de um novo plano deverá contar com uma ampla colaboração de técnicos especializados e com experiência na área.»

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